A impressionante combinação de natureza selvagem e um aspecto humano
curtido a vento, gelo e chuvas faz da Patagônia chilena um dos destinos
turísticos mais fascinantes da América do Sul. Cerca de 110 quilômetros
ao norte de Puerto Natales localiza-se o que é provavelmente o mais belo parque chileno, Torres del Paine.
Tudo gira em torno de uma imensa massa de montanhas que pode ser
informalmente dividida em duas partes. De um lado, 'Los Cuernos' e seu
incrível balé de formas e superfícies estratificadas. A nordeste, as
famosas torres de granito que fazem a felicidade de escaladores de todo o
mundo. Toda a cordilheira foi formada ao longo das últimas eras
glaciais, esculpindo uma cadeia de picos independente dos Andes. Em seu
entorno encontram-se geleiras dramáticas, como a Grey, e lagos de degelo
com águas em matizes de azul, verde e cinza. Seu aspecto leitoso vem da
volumosa carga de minerais que vem sendo arrancada das encostas pelas
gigantescas línguas de gelo a dezenas de milhares de anos. Lagos como
Sarmiento, del Toro, Pehoé, Nordenskjod e Grey são frequentemente
fustigados por violentas rajadas de vento, formando indescritíveis
danças de spray d'água. O barulho das cascatas, como o Salto Grande,
formam uma combinação perfeita com o onipresente zumbido do ar.
Entremeando essas formações também estão vales, pradarias de vegetação
baixa, repleta de plantas como o valente ñire, e florestas andinas, por onde passeam bandos de guanacos, pica-paus, raposas, ñandus - um tipo de ema, condores, veados e pumas, os mais difíceis de se avistar.
Para curtir o parque, opções não faltam. Aqueles que vêm de El Calafate ou
têm poucas horas para curtir tudo devem focar em rápidas caminhadas até
o pé das torres de granito (1h30 a 2h30, em média) ou embarcar numa
excursão que passará por pontos como a fotogênica vista do maciço a
partir do lago Pehoé e a geleira Grey (bela, mas não tão impressionante
como sua irmã argentina Perito Moreno). Aos mais aventureiros, porém,
vale tentar o desafiante Circuito "W", que faz um
caminho de quatro dias entre os vales das Torres, e o ainda mais longo
"O", que dá a volta em torno da montanha e chega a cerca de 1350 metros
de altitude, uma trilha que toma entre 7 e 10 dias para ser completada.
Para evitar possíveis transtornos, esteja preparado para vários tipos de
clima. O ideal é calçar boas botas de caminhada ou tênis amaciados e
levar parkas corta-vento e a prova de chuva.
Curiosidade: apesar de sua majestade, Torres del Paine não está
localizada em alta altitude, portanto as caminhadas demandam mais das
pernas do que dos pulmões.
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